Grande manifestação em Viana do Castelo

Estaleiros públicos<br>e a produzir

Mais de mil pessoas, entre actuais e antigos trabalhadores, seus familiares e população solidária, exigiram, no dia 20, actos do Governo que garantam urgentemente o futuro dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo.

A luta poderá ter que continuar nas ruas de Lisboa

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A concentração dos trabalhadores, promovida pelas suas organizações representativas, começou cerca das dez horas, junto aos portões dos ENVC, de onde seguiram, em marcha, pelas ruas da cidade, até ao centro. Muitos envergavam camisolas negras, com inscrição «ENVC não à privatização». O grupo da frente transportava uma grande faixa branca, a exigir viabilização e a recusar despedimentos. Noutras faixas e nos muitos cartazes surgiam críticas ao Governo, ao primeiro-ministro e ao Presidente da República, ao ministro da Defesa, a par da exigência «queremos trabalhar, não nos andem a enganar». Pelo caminho, muitos populares aplaudiam e juntaram-se também ao desfile.

Ao palco, instalado na Praça da República, subiram representantes dos trabalhadores, o coordenador da União dos Sindicatos de Viana do Castelo, Branco Viana, e o Secretário-geral da CGTP-IN.

Arménio Carlos reafirmou, citado pela agência Lusa, que a Intersindical Nacional, «aconteça o que acontecer, não vai deixar cair esta causa, que é dos trabalhadores dos Estaleiros, do povo do Norte e, acima de tudo, do povo português». Ao primeiro-ministro disse que, «mais do que conversa, o que estamos a exigir são actos», rejeitando o caminho da privatização. «Por que razão é que vamos dar aos outros aquilo de que precisamos, aquilo que pode pôr este País a andar para frente, como é o caso dos Estaleiros de Viana», questionou.

Referindo-se, como fizeram outros oradores, ao contrato relativo à construção de dois navios asfalteiros para a Venezuela, Arménio Carlos defendeu o fim dos bloqueios e boicotes, exigiu que o Governo assuma as suas responsabilidades e mostre se está com a indústria, com Viana e com os estaleiros. «Não basta falar de reindustrialização, é preciso ter projectos e aproveitar a mão-de-obra que possuímos», sublinhou.

Na praça cantou-se «Grândola Vila Morena» e foi aprovada uma moção, dirigida ao Governo e ao PR, a reclamar o «cancelamento imediato» do «moribundo e maquiavélico» processo de reprivatização dos ENVC. No documento, defende-se que estes continuem no sector empresarial do Estado e que sejam criadas «todas as condições necessárias para o início da construção dos asfalteiros», nomeadamente com a disponibilização de cerca de 10 milhões de euros para aquisição de matéria-prima.

O contrato com a Venezuela vem de 2010, tem um valor de 128 milhões de euros e, por ainda não ter sido iniciada a sua execução, o risco de rescisão «é real e extremamente preocupante».

Também nessa manhã, na comissão parlamentar de Defesa, numa audição sobre os ENVC pedida pelo PCP, o ministro José Pedro Aguiar-Branco afirmou que o processo de privatização (com apenas um comprador russo) ficou inquinado de forma dramática por uma investigação da Comissão Europeia. Esta afirmação foi recebida como demonstração da necessidade de manter os Estaleiros em propriedade pública e com apelos a que esta situação não sirva para prolongar ainda mais a paragem da produção.

António Costa, da Comissão de Trabalhadores, adiantou que, se não houver em Março uma solução que permita a viabilização, o pessoal dos ENVC está pronto a deslocar-se mais uma vez a Lisboa e «lutar pela empresa até à exaustão».

O PCP fez-se representar, na manifestação de dia 20, com uma delegação composta por João Correia, Filipe Vintém e Ilda Figueiredo, membros do Comité Central, além de vários membros da Direcção da Organização Regional de Viana do Castelo.




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